Amazônia

INPA estuda uso de nanobiotecnologia para recuperar áreas degradadas

Projeto financiado da Shell Brasil utiliza a castanheira da Amazônia em locais afetados pelo desmatamento

Jefferson Ramos
jeffersonramos@acritica.com
28/05/2023 às 09:43.
Atualizado em 28/05/2023 às 09:43

O coordenador do projeto para recuperação de áreas degradadas é o doutor José Francisco Gonçalves que atua no INPA (Foto: Divulgação)

Pesquisa patrocinada pela Shell Brasil e desenvolvida pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) usa a castanheira da Amazônia para tornar áreas degradadas nos estados da Amazônia Legal em incubadoras de dióxido de carbono.

A pesquisa que ocorre desde 2022 teve o patrocínio inicial de R$ 4 milhões da  Shell Brasil. Os pesquisadores investigam o efeito de uma nanomolécula de carbono no solo e na planta, que tem o potencial de incentivar o crescimento da castanheira. 

O coordenador do projeto do Inpa, doutor José Francisco Gonçalves, explicou que a escolha da castanheira se deu por conta da sua capacidade de se adaptar ao terreno amazônico. 

O ponto de partida da pesquisa é aumentar o valor agregado das áreas degradadas com ampliação da vegetação e assim agregar emprego e renda ao setor florestal. Contudo, Gonçalves salienta que o crescimento da vegetação leva tempo.

“A gente fez a seleção de espécie numa condição com que pequeno produtor pode fazer isso na sua propriedade rural que tiver essa área degradada. Nesse mesmo sistema de plantio temos condição de trazer tecnologia para o médio produtor, aquele que quer investir”, apontou  José Francisco Gonçalves.

Gonçalves prevê que dentro de dez anos as espécies plantadas no âmbito do projeto poderão ser negociadas no mercado global de sequestro de carbono. 

“Grandes empresas mundiais estão comprando esse carbono e nos próximos dez anos teremos colheitas esse carbono. Vendemos só aquilo que está crescendo dentro dessas áreas degradadas. O fato importante é termos plantios florestais que tenham um viés econômico em áreas que estão degradadas ”, salientou. 

A abolina usada no projeto é uma nanomolecular de bioestimulante orgânica que degrada em água sem qualquer tipo de potencial de contaminação para animais e humanos. A sua principal tarefa, conforme o pesquisador chefe do Inpa, é estimular o crescimento das mudas.

Atualmente, a tonelada de carbono retirada da atmosfera é remunerada no mercado em R$ 60 a R$  600. José Gonçalves adiciona que quando essa substância é retirada do ar precisa estar estocada. 

“Esse estoque pode ser provisório. Isto é, se plantou a árvore, ela retirou o CO2, mas depois você vai cortar a árvore para vender para diversas finalidades. Também existe o crédito de carbono que exige a não retirada da árvore. Esse crédito é mais caro”, explanou. 

O gerente de Tecnologia de Baixo Carbono da Shell Brasil, Alexandre Breda,  disse que a intenção do projeto NANORAD’s é entender o impacto  do plantio na acumulação de carbono em um projeto de reflorestamento. 

O projeto experimentará, além da castanheira, um sistema misto de plantio que relaciona a castanheira com ingá e outro com o cacau e a banana a fim de entender como funciona o acúmulo e a recuperação dessas áreas nas três modalidades de plantio.

"O outro viés também é medir o carbono. Como que conseguimos mensurar de forma acurada e bem transparente os acúmulos de carbono em um projeto de reflorestamento”, resumiu Breda.
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