MEIO AMBIENTE

Ineficiência no combate faz quintuplicarem queimadas no AM

Governos estadual e federal atuam no combate aos incêndios, mas ineficiência faz números dispararem

Waldick Junior
online@acritica.com
22/07/2024 às 17:42.
Atualizado em 22/07/2024 às 17:42

Apuí, Lábrea e Manicoré lideram como os municípios com maiores números de foco de incêndio (Foto: Arquivo AC)

A ineficiência dos governos estadual e federal em combater as queimadas no Amazonas fez o número de focos de incêndio, no estado, quintuplicarem entre junho (258) e julho (1.407) deste ano. Os dados se referem até domingo (21) e estão disponíveis na plataforma de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

A crescente nos focos de incêndio coincide com o aumento de relatos, pela população, do aparecimento de nuvens de fumaça em diferentes cidades do estado. No domingo (21), o Sistema Eletrônico de Vigilância Ambiental (Selva), da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), registrou níveis elevados de material particulado (MP) na maior parte dos bairros de Manaus, classificando o ar como de qualidade ‘moderada’.

Conforme o BD Queimadas, do Inpe, os dez municípios que lideram em número de focos de incêndio, no Amazonas, são: Apuí (456 focos), Lábrea (415F), Manicoré (129), Humaitá (93F), Novo Aripuanã (78F), Canutama (73F), Boca do Acre (50F), Borba (27F), Maués (17F) e Guajará (16F).

A maior parte dos municípios do Amazonas que lidera os focos de incêndio faz parte do sul do estado, região que, historicamente, registra os maiores níveis de queimadas e desmatamento.

O estudo ‘A Expansão da Fronteira Agrícola no Sul do Amazonas’, de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) associa os crimes ambientais na região à existência das rodovias BR-364 (Rio Branco - Porto Velho), BR-319 (Manaus - Porto Velho) e BR-230 (Transamazônica), que propiciaram a migração e a expansão da fronteira agrícola.

Ainda conforme o Inpe, Apuí (456F) e Lábrea (415F) são os dois municípios da Amazônia com mais focos de incêndio desde o início de julho. Considerando todos os biomas do país, eles aparecem na segunda e terceira posição, atrás apenas de Corumbá (MS), que fica no Pantanal e soma 464 focos.

Atuação

Para a reportagem, o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMMAM) informou que trabalha desde 3 de junho com as operações Aceiro 2024 e Céu Limpo, cujo objetivo é intensificar o combate aos incêndios no estado. O lançamento ocorreu de maneira antecipada e está associado à previsão de aumento de demanda para queimadas, devido à estiagem prevista para este ano.

“Ao todo, mais de 300 agentes, entre bombeiros militares, brigadistas e homens da Força Nacional estão atuando no combate aos incêndios. Entre 3 de junho e 21 de julho, mais de 1.600 focos de incêndio já foram combatidos pela corporação. Dentre os municípios do interior, Humaitá, Boca do Acre e Lábrea lideram o ranking dos municípios onde mais houve ação de combate aos incêndios”, afirma o CBMAM.

Na capital do Amazonas, onde já há piora na qualidade do ar em razão da fumaça, o Corpo de Bombeiros diz que atua por meio do plano de contingência, que intensifica o efetivo operacional para combater os incêndios.

“Nela [na capital], as equipes de bombeiros atuam por demanda de ocorrência de incêndio e, também, no monitoramento estratégico dos focos, por meio dos paineis tecnológicos da Sala de Situação do CBMAM”, ressalta a nota.

Neste mês, servidores do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama ) e Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) entraram em greve.

As atividades de combate a incêndios foram consideradas essenciais pela justiça federal, ou seja, não podem parar. No entanto, a Ascema Nacional, entidade que comanda a greve, também associa o aumento de queimadas e  desmatamento à mobilização dos servidores.

A reportagem solicitou um posicionamento ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e aguarda retorno. Assim que a resposta for encaminhada, a matéria será atualizada. 

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