Balsas nunca saíram completamente do rio Madeira e exploração ilegal de ouro avança para novas áreas
(Foto: Reprodução)
Centenas de balsas invadiram um novo trecho do rio Madeira, a cerca de 400 km de Manicoré (AM), próximo à comunidade Auxiliadora. Segundo moradores ouvidos por A CRÍTICA, as dragas chegaram ao local no dia 15 de setembro após descobrirem ouro na região e estão se negando a sair.
Um ribeirinho sob condição de anonimato afirmou que a família está desesperada com a presença dos garimpeiros. "São mais de 500 balsas. Estamos todos com muito medo. A gente já pediu para eles saírem porque estão bem na frente do nosso terreno, mas eles são muito abusados, não vão embora. A gente escuta barulho de tiro para lá, estão armados", disse.
Segundo esse mesmo morador, famílias que moram naquele trecho do rio estão sendo ameaçadas pelos garimpeiros, que temem uma denúncia que possa inviabilizar o esquema em atuação neste momento no trecho do rio. "Eles já vieram tirar satisfação porque teve reportagem na A Crítica sobre isso. Vieram subindo o rio lá de Manicoré, Humaitá e Porto Velho".
Outra fonte com terreno no mesmo local destacou que a fiscalização contra a atividade ilegal é inexistente. "A gente tá nisso há mais de uma semana, procuramos a Marinha e eles não fizeram nada. Só passaram por aqui, mas as balsas se esconderam antes, parece que tinham até informante, e depois que a Marinha saiu eles voltaram", afirmou.
Vídeos enviados para A CRÍTICA mostram centenas de balsas enfileiradas à margem do rio Madeira. Na gravação, é possível ver nuvens de fumaça saindo do maquinário das dragas, o que demonstra que estão em plena operação.
Invasão garimpeira
A atuação de balsas de garimpo acontece em diversos trechos do rio Madeira e com a baixa fiscalização, novas áreas são descobertas para exploração. Imagens de satélite obtidas pela organização Greenpeace Brasil datadas do último dia 26 de setembro mostram centenas de balsas em outro trecho do rio Madeira, próximo à comunidade Fortaleza de Bom Intento.
Em comunicado enviado à imprensa, o porta-voz de Amazônia da entidade, Danicley de Aguiar, afirmou que "mais uma vez a realidade se impõe e escancara a urgência de que o Estado brasileiro proponha uma estratégia de desenvolvimento regional capaz de superar o garimpo".
A reportagem entrou em contato com a Polícia Federal e a Marinha para saber se os órgãos têm conhecimento do cenário denunciado por ribeirinhos nas comunidades citadas e o que está sendo feito para coibir o problema. Assim que houver retorno, essa matéria será atualizada.