Amazônia

Contra pesca ilegal, Ibama incentiva manejo do pirarucu no Vale do Javari

A região é a mesma em que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados por pescadores ilegais no ano passado

Waldick Junior
online@acritica.com
05/06/2023 às 18:13.
Atualizado em 05/06/2023 às 18:13

(Foto: Ibama)

Para combater a pesca ilegal, a superintendência no Amazonas do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (ibama) realizou uma série de ações para incentivar o manejo do pirarucu no Vale do Javari. A região é a mesma em que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados por pescadores ilegais no ano passado.

A agenda aconteceu entre os dias 14 e 28 de maio e foi tocada pelo Núcleo de Biodiversidade e Florestas do Ibama. Servidores do órgão estiveram nas aldeias São Luiz e Nova Esperança, onde já há atividades de manejo, e na comunidade São Rafael. Esta terceira foi o último local visitado por Bruno e Dom antes das mortes e está com o manejo paralisado. 

"O manejo lá estava parado há muitos anos e a comunidade não conseguia se organizar. E acaba que o crime ambiental no fim se torna uma opção de geração de renda. Eles acabam se dedicando a infrações, a crimes de exploração de madeira, ao garimpo e ao comércio ilegal de pescado", afirmou para A CRÍTICA o superintendente do Ibama no Amazonas, Joel Araújo.

A ação contou com a participação de indígenas dos povos Kanamaris e Mayorunas. Na aldeia São Luiz foram realizadas reuniões para alinhar o início das atividades de manejo a partir de setembro. Já na aldeia Nova Esperança, onde o manejo está mais desenvolvido, o Ibama deu início ao monitoramento e contagem dos estoques do pirarucu.

Segundo Joel Araújo, é de competência do Ibama no Amazonas acompanhar essas atividades na região, incluindo o processo de licenciamento e fiscalização. "As pessoas se unem para fazer a contagem [de peixes] no ano, pedem a cota do Ibama, que geralmente é de 30% [para ser pescado] e esse ato permite à comunidade que faça o manejo, ou seja, a retirada de uma quantidade de pirarucu dentro de uma região em que as comunidades fazem a proteção", explica ele.

Durante a agenda, os moradores também participaram de palestras sobre educação ambiental e legislação focada no uso de recursos naturais. Atualmente, segundo Joel Araújo, boa parte dos moradores sobrevive da venda de farinha e de auxílios governamentais, como o Bolsa Família.

Na comunidade São Rafael, a atividade foi uma palestra motivacional para retomar as atividades de manejo do pirarucu na região do Rio Tacoaí. De acordo com o superintendente, a recepção foi positiva e os moradores indicaram que pretendem voltar com o manejo ainda neste ano.

"Todos ficaram muito felizes, muito agradecidos, porque há muito tempo a comunidade precisava dessa iniciativa. Estamos numa nova gestão, num esforço de levar o manejo para mais áreas e lá é um caso muito especial", pontuou.

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