Segundo doutor em meteorologia José Augusto Paixão Veiga, docente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), cenário para o próximo ano ainda é incerto e exige atenção
Doutor em meteorologia José Augusto Paixão Veiga, docente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) (Foto: Divulgação)
Ainda que as chuvas na bacia amazônica, em 2025, fiquem na média para o período, não será o suficiente para que os principais rios da região se recuperem totalmente das últimas duas secas históricas. Essa é a avaliação do doutor em meteorologia José Augusto Paixão Veiga, docente da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e da pós-graduação em Clima e Ambiente no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e UEA.
O especialista foi um dos palestrantes do VI Seminário Internacional de Meteorologia e Climatologia do Amazonas. A programação vai até esta sexta-feira. O evento é organizado pelo grupo de pesquisa UPEC - Unidade de Pesquisa em energia, Clima e Desenvolvimento Sustentável.
O primeiro dia de palestras foi marcado por discussões sobre os principais problemas socioambientais da Amazônia internacional, como as queimadas, o desmatamento, e a maneira como a região tem enfrentado os eventos climáticos extremos.
A seca de 2024 foi considerada a maior que se tem registro, intensificada pelo fenômeno El Niño, que aquece as águas do oceano Pacífico e reduz a ocorrência de chuvas na Amazônia. No dia 4 de outubro, o Rio Negro, que banha Manaus, atingiu sua menor cota: 12,66 metros.
O meteorologista explica que atualmente o que impera é um período neutro. Havia uma previsão de que iniciasse o fenômeno La Niña, que aumenta a incidência de chuvas na região, mas isso não aconteceu.
Também nesta quinta-feira o Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), órgão do Ministério da Defesa, realizou um encontro em Porto Velho (RO) para divulgar prognósticos sobre as queimadas e a seca em 2025. Em relação à estiagem, o meteorologista e analista em ciência e tecnologia do Censipam, Luiz Alves, afirmou que o período entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025 será marcado por chuvas abaixo da média climatológica no noroeste do Pará, norte do Maranhão e no sudeste do Mato Grosso. Já na faixa oeste do Amazonas e norte de Roraima, estão previstas chuvas acima da média até fevereiro de 2025.
O VI Seminário Internacional de Meteorologia e Climatologia do Amazonas continua nesta sexta-feira até as 17h, no auditório Samaúma, da Faculdade de Ciências Agrárias. O evento contará com as mesas ‘Ferramentas utilizadas no monitoramento dos extremos climáticos (9h); popularização da ciência, tempo de falar com a sociedade (10h); capacitação em energia solar fotovoltaica (13h); o papel do CREA/MUTUA na promoção da sustentabilidade e resiliência climática (15h); e apresentação do laboratório de modelagem do sistema climático terrestre (16h).
O evento é liderado pelo professor Eron Bezerra, da Faculdade de Ciências Agrárias da UFAM. À reportagem, ele ressaltou a importância do seminário em um momento onde se discute cada vez mais os efeitos das mudanças climáticas, especialmente com os fenômenos extremos como as secas na Amazônia.
Eron Bezerra, que é Doutor em Clima e Meio Ambiente, foi um dos palestrantes desta quinta-feira. Ele pontuou que o diagnóstico é a parte mais “fácil” do problema, e que é preciso haver prioridade na elaboração de soluções. Neste contexto, ele criticou o recém-aprovado financiamento de US$ 300 bilhões dos países historicamente ricos às nações mais pobres, na 29ª Conferência das Partes da ONU.