QUEIMADA

Amazonas bate recorde de queimadas pelo segundo mês

Apuí e Lábrea são os municípios com mais queimadas em todo o Brasil. O estado registrou altos índices pelo segundo mês consecutivo

Waldick Junior
online@acritica.com
26/07/2024 às 16:10.
Atualizado em 26/07/2024 às 16:11

Queimada (Foto: Greenpeace)

Pelo segundo mês consecutivo, o Amazonas registrou os maiores números de focos de incêndio já identificados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) desde o início da série histórica, em 1998. Em 25 dias de julho, foram 2.241 focos de queimadas, ultrapassando o recorde anterior, de 2.119 focos em julho de 2020.

No mês passado, o estado já havia acumulado 258 focos de incêndio, também recorde para a série histórica de junho. O aumento no número de queimadas coincide com o início da estação seca na região, quando, historicamente, cresce o número de incêndios provocados por ação humana.

“Esse aumento das queimadas no Amazonas e em boa parte da Amazônia entre Junho e Julho é bastante comum e acontece justamente no momento que o Bioma entra no que conhecemos como verão amazônico, que é caracterizado pela diminuição no volume das chuva e da umidade e do aumento da temperatura”, afirma o porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista.

Segundo ele, a mudança neste ano aconteceu de maneira mais acentuada em razão do calor excessivo na região, que vem batendo sucessivos recordes de temperatura há 13 meses. 

Queimadas (Foto: Divulgação/CBMAM)

“Esse clima mais seco e quente também favorece a queima de pastagens, que muitas vezes perdem o controle e acabam se espalhando até mesmo para áreas de floresta. Além disso, com a diminuição da chuva, as áreas que foram desmatadas nos últimos meses secam e é nessa hora que os desmatadores aproveitam para queimar toda essa matéria orgânica morta, para dar um uso alternativo do solo. Na maioria das vezes, pastagens para pecuária bovina”, explica.

Ranking

De acordo com a plataforma BD Queimadas, do Inpe, os dez municípios do Amazonas com mais desmatamento são: Apuí (865 focos); Lábrea (626F); Manicoré (179F); Humaitá (165F); Novo Aripuanã (127F); Canutama (107F); Boca do Acre (62F); Maués (36F); Borba (33F); e Tapauá (24F).

No ranking nacional, Apuí e Humaitá figuram como os dois municípios com mais queimadas em todo o país. A terceira posição fica com Corumbá (MS), no Pantanal, que acumulava 570 focos de calor até a quinta-feira (25), seguido por Itaituba (PA), com 500 focos.

Atuação

Em reportagem publicada na última segunda-feira (22), o Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMMAM) informou que trabalha desde 3 de junho com as operações Aceiro 2024 e Céu Limpo, cujo objetivo é intensificar o combate aos incêndios no estado. O lançamento ocorreu de maneira antecipada e está associado à previsão de aumento de demanda para queimadas, devido à estiagem prevista para este ano.

Queimada (Foto: Reprodução/Arquivo)

“Ao todo, mais de 300 agentes, entre bombeiros militares, brigadistas e homens da Força Nacional estão atuando no combate aos incêndios. Entre 3 de junho e 21 de julho, mais de 1.600 focos de incêndio já foram combatidos pela corporação. Dentre os municípios do interior, Humaitá, Boca do Acre e Lábrea lideram o ranking dos municípios onde mais houve ação de combate aos incêndios”, afirma o CBMAM.

Na capital do Amazonas, onde já há piora na qualidade do ar em razão da fumaça, o Corpo de Bombeiros diz que atua por meio do plano de contingência, que intensifica o efetivo operacional para combater os incêndios.

“Nela [na capital], as equipes de bombeiros atuam por demanda de ocorrência de incêndio e, também, no monitoramento estratégico dos focos, por meio dos paineis tecnológicos da Sala de Situação do CBMAM”, ressalta a nota.

Ibama

Neste mês, servidores do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama ) e Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade (ICMBio) entraram em greve.

As atividades de combate a incêndios foram consideradas essenciais pela justiça federal, ou seja, não podem parar. No entanto, a Ascema Nacional, entidade que comanda a greve, também associa o aumento de queimadas e  desmatamento à mobilização dos servidores.

Nota

A reportagem solicitou um posicionamento ao Ministério do Meio Ambiente (MMA) e aguarda retorno. Assim que a resposta for encaminhada, a matéria será atualizada.

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