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Adaptação das empresas ao social-sustentável é necessária, diz vice-presidente da SAP no Brasil

Marcele Andrade destacou a parceria com a ONG FAS, que é uma das participantes do evento SAP Now Brazil, em São Paulo

Emile de Souza
online@acritica.com
04/09/2024 às 15:21.
Atualizado em 04/09/2024 às 20:36

(Foto: Divulgação/SAP Now Brazil)

A vice-presidente de Indústria e Engenharia da SAP, Marcele Andrade, destacou ao A CRÍTICA a parceria com a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que usa softwares de gestão da empresa. A FAS é uma das participantes do evento SAP Now Brazil, em São Paulo, que se encerra nesta quarta-feira (4).

“Damos mentoria para os pequenos empreendedores mapeados pela FAS. A FAS é um exemplo que está no nosso radar social”, disse.

A vice-presidente da SAP também ressaltou que os avanços tecnológicos estão diretamente ligados ao Ambiental, Social e Governança (ESG) e que, além de ONGs, as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) podem unir os ganhos com as questões mais sustentáveis.

“Algumas empresas ainda temem o retorno e o montante de investimento, mas é algo que a gente tem desmistificado ao longo do tempo. Hoje nós temos a Ambipar, por exemplo, contando um pouco da jornada deles com soluções nossas que envolvem sustentabilidade. A aplicação foi simples, durante quatro meses, e já se pode dar visibilidade aos dados”, disse Marcele Andrade.

Questionada sobre as possibilidades de ampliação de ESG nas empresas de Manaus, a vice-presidente destacou que a adaptação à IA é o primeiro passo para conectar a gestão e suas produções.

“Estamos falando de uma região onde vocês moram, que tem uma série de insumos e uma série de produtores, e que nós temos uma série de soluções possíveis, por exemplo, rastrear onde estão esses produtores, mapear se não temos ali mão de obra escrava e de onde está vindo esse produto”, informou Andrade.

Com a visão das produções locais de Manaus, a especialista alertou que a adaptação das empresas ao social-sustentável é necessária, pois vai de encontro às demandas mundiais por empresas mais conscientes.

“É importante se adaptar, pois existem uma série de pressões que vão acontecer, principalmente vindo da Europa.”

(Foto: Divulgação/SAP Now Brazil)

Marcele Andrade (Foto: Divulgação/SAP Now Brazil)

Um dos exemplos é o chamado “Caderno Verde” ou “Agenda Verde”, que busca percepções para tornar as tomadas de decisões mais corretas. Para isso, os dados são o primeiro passo.

“Temos o Caderno Verde e a ideia é que nossos clientes saibam a acurácia das suas pegadas de carbono, assim como sabem das finanças”, afirmou Marcele Andrade.

Dentro desse painel social, a FAS foi a primeira ONG do mundo a receber auxílio da IA para melhorar seus indicadores.

A superintendente de gestão de planejamento da ONG, Michelle Costa, informou ao A CRÍTICA antes de sua participação no evento, que a parceria com a SAP tem 9 anos e ajuda na conexão das informações e na credibilidade dos dados.

“Antes da parceria, nos preocupávamos apenas em garantir ajuda às comunidades, mas não tínhamos o mapeamento de forma integrada”, explicou a superintendente.

Questionada sobre a democratização da tecnologia na região amazônica, Michelle Costa apontou dificuldades geográficas.

“Já estivemos mais distantes. Ainda é uma realidade difícil, especialmente nas partes mais distantes. Sabemos que as pessoas de fora não conhecem a dimensão territorial do nosso estado”, disse.

A superintendente destacou que as dificuldades geográficas se acentuaram com as mudanças climáticas, mas que o mapeamento desses acontecimentos também é importante.

“A nossa região está sujeita a passar situações críticas, como passamos em 2023 e que devemos passar em 2024. Essas situações fazem com que as pessoas fiquem geograficamente isoladas”, ressaltou a amazonense.

Outro ponto apresentado pela equipe da SAP são as oficinas com os empreendedores do Amazonas. A superintendente confirmou que a parceria de apresentação de dados teve uma boa aceitação por parte dos empreendedores.

“Fizemos oficinas com empreendedores que têm pousadas dentro das unidades de conservação e levamos os dados da SAP para discutirmos com eles, falando também do impacto da seca. O que nos chamou a atenção foi o nível de interesse desses empreendedores em lidar com a seca, que eles mesmos montaram um plano de ação com base nos dados”, destacou Michelle Costa.

A parceria reforça o preparo das populações ribeirinhas para eventos climáticos como o de 2023 e previsões como a de 2024.

Esse assunto voltou a ser abordado no palco principal do evento na noite de terça-feira (3), pois Michelle Costa foi convidada para participar de uma entrevista com o jornalista e apresentador Pedro Bial, e um dos assuntos abordados foi as mudanças climáticas.

As mudanças climáticas acentuadas na região Amazônica pelos desmatamentos e queimadas foram citadas como uma preocupação, não por serem as causadoras, mas para destacar que a região tem vivido mais extremos climáticos, que também estão sendo sentidos em outros estados do Brasil.

“Às vezes, olhamos só para o lado da economia ou só para o lado meio ambiente, mas esquecemos da valorização daquela população que está ali. Ainda temos que pensar sobre isso, ok? Manter a floresta em pé é importante, sem sombra de dúvida. Aí estão as mudanças climáticas, mas cuidar das pessoas da floresta é importante”, ressaltou a superintendente da FAS em seu discurso.

Michelle destacou que a parceria com a SAP trabalha de forma otimizada a questão da economia sustentável e que as populações amazônicas precisam ser oportunizadas para, então, manter a floresta de pé.

Os fatores climáticos também foram confirmados pelos relatos dos outros entrevistados. A ex-atleta Laís Souza criticou as queimadas em sua cidade, Ribeirão Preto (SP), que, assim como o Amazonas, está encoberta por fumaça.

“Eu não consigo imaginar o fim do mundo, mas acho que seria bem próximo disso”, afirmou a ginasta.

Enquanto o estado do Amazonas e parte de São Paulo vivenciam os extremos climáticos causados pelas queimadas, o Rio Grande do Sul tenta reconstruir a devastação depois das chuvas.

O presidente do banco Sicredi, o gaúcho Cédar Bochi, relatou a tristeza de reconstruir tudo o que foi perdido pelas pessoas.

“É muito triste falar sobre isso. É um assunto delicado”, afirmou.

Bochi ressaltou que o Sicredi reabriu no dia 31 sua última agência que estava fechada e que está junto com a sociedade civil, tentando reconstruir a vida das pessoas e possibilitar as melhorias necessárias.

“Como um símbolo de reerguer aquela comunidade local, pois traz energia para as pessoas e força. Então é um misto de tristeza, mas, por outro lado, de esperança, que as pessoas, na crise, na dor, se juntam”, disse o empresário.

Panorama das estiagens

Parceria da SAP com a FAS conseguiu traçar um panorama completo das estiagens dos últimos 100 anos no Amazonas.

Sobre esse assunto, destacado em título anterior desta reportagem, a FAS informou que os dados diários das cotas do rio Negro, no porto de Manaus, referentes ao período de 1903 a 2024, são de domínio público. Os dados foram extraídos da Plataforma Hidroweb, que faz parte do Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos (SNIRH), operado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM).

A ONG utiliza a ferramenta SAP Analytics Cloud para representar, analisar e modelar esses dados. “Com essa ferramenta, é possível, sim, identificar e visualizar mudanças hidrológicas ao longo do período analisado”, informou em nota.

“Também estruturamos um painel com dados históricos das cotas fluviométricas do rio Negro, permitindo observar as tendências de estiagem corroboradas pelos boletins oficiais. Isso nos possibilita adotar ou orientar ações preventivas junto aos beneficiários, como a redução das taxas de ocupação dos empreendimentos turísticos e a melhoria do escoamento da produção”, ressaltou.

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