Editorial

A democracia exige aprendizado e vigilância

Há dois anos, grupos e bandos mobilizados por forças radicais da extrema direita e de irresponsáveis transformaram a Praça dos Três Poderes em um campo de ataques e vandalizaram prédios

acritica.com
09/01/2025 às 08:01.
Atualizado em 09/01/2025 às 08:01

(Foto: Agência Brasil)

O 8 de janeiro poderá ser uma data para reorganizar a sociedade brasileira em defesa das instituições democráticas do Brasil e pelo não êxito das tentativas de golpes. O que se viu hoje, em Brasília, se constituiu em uma das iniciativas de reafirmação do desejo de o país seguir firme pela reafirmação e avanço do processo democrático.

Há dois anos, grupos e bandos mobilizados por forças radicais da extrema direita e de irresponsáveis transformaram a Praça dos Três Poderes em um campo de ataques e vandalizaram prédios, móveis e peças que constituem o patrimônio desses poderes e parte da história brasileira.

Obras destruídas em 2023 foram, na manhã de quarta-feira (8), reintegradas ao acervo oficial no Palácio do Planalto. A restauração realizada em dois anos apresenta não somente o potencial técnico utilizado para reconstruir cada peça, e sim promoveu reforço de laços entre governos, do governo com universidades e seus pesquisadores, restauradores e o pessoal de limpeza que conseguiu reunir pedaços do que fora destruído para na cerimônia de ontem serem devolvidos, como peças completas, ao lugar de direito.

A palavra democracia, desenhada e plantada em flores, nas cores verde e amarelo, ganhou destaque e simboliza a outra marca de saudação completada pelo abraço entre representantes dos poderes e de populares presentes na praça. Fazer memória do atentado, impedir a impunidade de mandantes, financiadores e dos executores dos atos são atitudes que devem ser concretizadas. É esse o sinal de que as autoridades e a sociedade não irão abrir mão de fazer da democracia princípio. 

Em outras cidades também foram feitas manifestações contra o atentado de 8 de janeiro de 2023 e inúmeras instituições, organizações e coletivos divulgaram documentos posicionando-se contra a arbitrariedade, o autoritarismo e os ataques antidemocráticos.

Este momento é sinalizador da diferença diante das ameaças feitas e da realidade em vários países onde governos extremistas produzem um outro mapa onde a violência é a marca. O mundo pode acompanhar um ato oficial na América Latina, no Brasil, demarcando a disposição pela liberdade, o bom funcionamento do Legislativo, do Judiciário e do Executivo. A democracia ferida exatamente em 2023, 59 anos depois do golpe militar-civil, é abraçada e precisa ser reaprendida. Eles ainda estão aqui.

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