CONGRESSO

Bolsonaro cobra, Lira acata e Marcelo Ramos perde vice-presidência da Câmara

Deputado disse que presidente da Câmara sugeriu que ele parasse de criticar o presidente. "Não troco os interesses do Amazonas por cargo", afirmou

Dante Graça
dante@acritica.com
23/05/2022 às 16:12.
Atualizado em 23/05/2022 às 19:31

Marcelo Ramos estava desde o ano passado na vice-presidência da Câmara (Foto; Ag. Câmara)

O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) foi retirado da vice-presidência da Câmara dos Deputados. O ato foi publicado pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), que marcou eleição para o cargo para a próxima quarta-feira. “Eu não troco os interesses do Amazonas por cargo”, afirmou o deputado amazonense.

A decisão de Lira só foi possível porque o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral, reconsiderou uma liminar que ele havia concedido inicialmente a Marcelo Ramos, impedindo que ele fosse retirado do posto. Agora, o ministro entendeu, após forte articulação de Lira, que a composição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados é uma questão interna, cabendo à Casa definir as regras para tal. 

A troca de legenda feita no fim do ano passado - Ramos deixou o PL, de Bolsonaro, para migrar para o PSD - é a justificativa legal para a troca, uma vez que o regimento interno da Casa afirma que a vaga é do partido e não do parlamentar. Mas não é essa, necessariamente, a razão da mudança. As críticas fortes de Marcelo Ramos ao presidente Jair Bolsonaro, principalmente em relação ao decreto do IPI que atingia de maneira mortal a Zona Franca de Manaus, incomodaram o governo. O próprio presidente já havia reclamado publicamente, em uma live, da decisão de Moraes que protegia o cargo do amazonense.

“Ele (Arthur Lira) sugeriu que eu parasse de criticar o presidente por conta do IPI porque o presidente estava pressionando ele para aplicar o regimento porque eu mudei de partido”, afirmou Marcelo Ramos, garantindo que não vai brigar pelo cargo. “Eu não troco o cargo por silêncio em relação a Zona Franca e aos problemas do Brasil. Se o preço da minha independência é não ter o cargo, eu fico sem o cargo e com a minha independência e meu compromisso com o povo do Amazonas”, completou Marcelo Ramos.

No Twitter, o parlamentar fez uma série de publicações nas quais afirma que sofreu chantagem para deixar de criticar o presidente, entre outras declarações semelhantes. “Diferente dos que vendem suas consciências e vendem a democracia por alguns tostões, eu sempre ficarei com os meus ideais”, disse Ramos, que também deixou claro discordar da nova decisão de Moraes. “Quero dizer que respeito e cumpro a decisão do Ministro Alexandre de Moraes que, não julgou o mérito, mas a incompetência do TSE. Eu sou um democrata e jurei a Constituição, defendo as decisões judiciais até quando discordo delas”.

Na rede social, Marcelo Ramos também deixou claro seu descontentamento com Arthur Lira, que dez dias atrás era tratado por ele como um "cumpridor de acordos". "Fui eleito pelo voto de 396 deputados e deputadas e destituído por 1 e atendendo a uma ordem do Presidente da República". 

Marcelo também usou o Twitter para rebater uma reportagem do Valor Econômico, que afirma que ele deixou o cargo por pressão do PL. “Pressão do PL, não. Pressão do Presidente da República que deu uma ordem ao Presidente da Câmara por uma live”. 

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