Parintins 2022

O Festival da superação: presidentes dos bois falam do aumento de preços dos materiais

Mesmo com preços de materiais nas alturas, bois prometem o maior espetáculo de todos os tempos

Luana Carvalho
luanacarvalho@acritica.com
25/06/2022 às 17:29.
Atualizado em 25/06/2022 às 17:43

Jender relatou que teve dificuldade por conta da inflação que fazia insumos para a produção das alegorias e adereços aumentarem bastante. Mesmo assim, prometeu um espetáculo no bumbódromo com matéria-prima vinda, principalmente, da natureza e da reutilização (Arlesson Sicsu)

Em meio a um dos piores quadros inflacionários no Brasil e no mundo, os bois-bumbás Caprichoso e Garantido sentiram o peso do aumento dos materiais utilizados para a realização do Festival Folclórico de Parintins em 2022. O gasto com ferro pelo Caprichoso, por exemplo, teve um aumento de 233% em relação a 2019, último ano de realização do festival antes da pandemia de Covid-19.

O presidente do Caprichoso, Jender Lobato, informou que para o espetáculo deste ano, o bumbá ultrapassou o gasto de R$ 2 milhões em ferro. “Para se ter uma ideia, há três anos nosso gasto com ferro foi de R$ 600 mil”, comentou Lobato.

O membro da direção geral do Garantido, Mencius Melo, diz que a inflação deste ano está sendo muito impactante na realização do festival “Nós fizemos o último festival em 2019 e o Brasil já vinha desde lá sentindo o reflexo de uma crise econômica, que se agodizou infelizmente com o passar dos últimos anos. O impacto foi muito forte”, reforçou.

A nova realidade financeira foi sentida principalmente na aquisição de materiais de acabamento. “Além do ferro, percebemos um aumento absurdo no preço da cola e tinta”, completa Mencius, que afirma que mesmo existindo materiais substitutivos – com exceção do ferro – as associações não tiveram tempo de fazerem as pesquisas de novos materiais, pois é um trabalho de longo prazo e o festival foi anunciado em cima da hora”, comentou.

Cada dia mais caro

O preço da cola, material bastante utilizado pelos artistas, também aumentou consideravelmente. “Tivemos dificuldade na compra de materiais que iam subindo dia após dia. Começamos a comprar uma lata de cola por R$ 75 reais. No outro dia, estava R$ 82. Já no outro, R$ 87. Quando pensávamos que não ia mais aumentar, subiu para R$ 89 e encerramos comprando por R$ 90”, exemplificou Jender.

“A gente enfrentou uma pandemia, paralisação de produtos fabricados na China, aí veio a guerra da Rússia contra a Ucrânia que fez subir ainda mais os preços. Nós, do Caprichoso, tivemos que começar tudo do zero, principalmente nas nossas estruturas de ferro. Carregamos vidas nas alegorias e temos responsabilidade por isso. Não poderíamos usar ferros velhos, enferrujados. Até as roldanas tivemos que comprar todas novas”, completa Jender.

Mesmo com todas as dificuldades e aumento nos preços, Mencius Melo diz que a beleza do festival não será prejudicada. “O Boi vai apresentar um padrão artístico muito superior ao de 2019. Vamos apresentar um boi novo, renovado, mesmo com os preços dos materiais altamente caros nestes novos tempos”.

Reutilização

O que antes ia para o lixo nas fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) passou a ser reutilizado pelo boi Caprichoso. O presidente do boi, Jender Lobato, conta que os sacos e lonas fibrados, descartados pela indústria, passou a ser muito utilizado para fazer a forração das alegorias. Antes, os artistas já utilizavam os sacos fibrados, mas mesclaram com tecidos, o que encarecia.

“Além disso, utilizamos muitos materiais da natureza, sem devastar nada, como a palha caranaí. Os agricultores nos procuraram no escritório, demos uma estimativa da quantidade que íamos precisar e eles reuniram e trouxeram muito material pro Caprichoso”, comentou Lobato.

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