O valor da premiação será destinado para o boi-bumbá da galera vencedora, que deverá reverter o recurso em trabalhos sociais voltados ao meio ambiente.
Parintins está com mais de 30 pontos de coletas, mas voluntários da Sema também estão fazendo o trabalho de conscientização na entrada do Bumbódromo.
A competição entre as galeras dos boi-bumbás Caprichoso e Garantido agora também é para saber quem tem mais responsabilidade com o meio ambiente. A Campanha ‘Recicla Galera’ destinará R$ 20 mil para a associação folclórica cujo os brincantes coletarem a maior quantidade de materiais recicláveis: papelão, garrafas PETS, alumínio, ferro e até isopor. O valor da premiação será revertido para trabalhos sociais voltados ao meio ambiente.
O secretário de meio ambiente do Estado, Eduardo Taveira, explica que a ideia é aproveitar o engajamento das toadas, que falam basicamente sobre a Amazônia e preservação da natureza, para sensibilizar os visitantes e os próprios moradores de Parintins, uma vez que a parceria entre a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente tem a finalidade de tornar o projeto perene.
Eduardo conta que os trabalhos para a campanha iniciaram há quatro meses. “Buscamos mobilizar empresas e fazer parcerias. Apresentamos o projeto para a Coca-Cola, que nos deu várias contribuições e passou a apoiar o projeto”, conta Taveira. A companhia, que também é patrocinadora oficial do Festival Folclórico de Parintins, destinou R$ 80 mil para a reestruturação da Associação de Catadores de Materiais Recicláveis de Parintins (Ascalpin).
“Na execução financeira do projeto, começamos a levantar quais os gargalos que a gente teria: como armazenar, onde armazenar, como pesar, como envolver as galeras dos bois, que tipo de resíduos não tem saída. A partir disso a gente começou a fazer um planejamento para responder essas questões e chegamos ao formato atual, que é um formato de transformar a coleta seletiva em algo que dure o ano todo”, complementa o secretário estadual de meio ambiente.
Antes do projeto, o trabalho de coleta seletiva era feito de maneira muito tímida na ilha tupinambarana. “Conversamos com o próprio secretário municipal de meio ambiente e ele nos relatou dificuldades, principalmente na parte de estrutura dos catadores que são fundamentais para a coleta desses resíduos”.
A partir daí, o trabalho passou a ser realizado diretamente com a associação, mas também em parceria com as escolas, que trabalham como multiplicadoras da mensagem. “A Prefeitura de Parintins se comprometeu que a campanha de coleta seletiva será perene e as escolas serão fundamentais nesse processo de difundir a campanha”, completou Taveira.
Secretário de estado de meio ambiente, Eduardo Taveira, no Bumbódromo de Parintins. (Gilson Melo)
Logística
Tabeira explica que durante os estudos para realizar o projeto, foi constatado que haviam quatro tipos de resíduos que os catadores já trabalhavam: ferro, alumínio, plástico e papelão. “A gente começou a trabalhar na destinação desses quatro materiais que a gente viu que era quase 90% do resíduo gerado aqui e enviado para reciclagem em Manaus”.
Parintins não possui empresas recicladoras, mas há mercado para isso na capital. “O município tem condições próprias de aumentar a estrutura para fazer a coleta seletiva, gerando ainda mais renda aos catadores”, reforça Taveira.
Atualmente, funciona da seguinte maneira: as balsas que atracam na ilha com mercadorias retornam para a capital com os materiais coletados pela associação em Parintins. Em Manaus, as cooperativas recebem esses materiais e destinam para a indústria da reciclagem.
“Aumentando o volume, a gente consegue reduzir os custos de transporte. Nesse aspecto, o trabalho se torna muito exitoso. Áreas turísticas como Parintins conseguem manter uma atividade econômica robusta a partir de resíduos recicláveis. Isso aumenta a renda dos catadores, reduz os custos da própria prefeitura destinado para a coleta e aumenta a vida útil dos aterros, que são um grande problema aos municípios do Amazonas”.