O Brasil vinha experimentando um movimento salutar de aquecimento nos empregos que deve ser retomado nos próximos meses, inclusive na Zona Franca de Manaus.
(Foto: Agência Brasil)
O panorama do emprego no Brasil continua delicado, e a situação no Amazonas é mais delicada ainda. Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o Estado perdeu nada menos que 5,4 mil postos de trabalho com carteira assinada em dezembro do ano passado. E pior: a maior parte das perdas ocorreu na indústria de transformação, que se refere à Zona Franca de Manaus. A diferença entre contratados e demitidos pelas fábricas em dezembro foi de 1.278 trabalhadores.
É o segundo pior resultado da Região Norte, atrás apenas do Pará, que perdeu mais de 15 mil trabalhadores com carteira assinada. É normal que haja mais desligamentos que contratações em dezembro, mas não nessa intensidade, o que faz ligar o sinal amarelo no governo do Estado, e também na esfera federal. Em todo o País, o resultado ficou negativo em 431 mil em dezembro.
No entanto, considerando o ano inteiro, houve criação de mais de 2 milhões de empregos formais em todo o País. E o Amazonas teve saldo positivo de 35,2 mil postos de trabalho, o que significa alta de quase 8% sobre o ano anterior. Analistas avaliam a queda acentuada em dezembro sob diversos prismas. O principal deles se refere exatamente à mudança de governo. Pesquisas indicam forte apoio do setor empresarial à antiga gestão federal. A ruptura deflagrada a partir do resultado das últimas eleições, sem dúvida, causou um clima de apreensão e incertezas quanto ao futuro. Esse cenário, certamente, contribuiu para que boa parte da classe empresarial puxasse o freio de mão, à espera dos primeiros movimentos do novo governo. Uma das missões da atual gestão é desfazer a desconfiança e construir um ambiente seguro para os negócios.
Superados os efeitos deletérios dos movimentos antidemocráticos que ocuparam boa parte dos esforços da nova gestão nesse primeiro mês de governo, é de se esperar uma retomada da normalidade institucional. É urgente que o governo federal aponte com firmeza os rumos que pretende dar à economia do País, de modo que o empresariado sinta segurança para voltar a contratar e investir. O Brasil vinha experimentando um movimento salutar de aquecimento nos empregos que deve ser retomado nos próximos meses, inclusive na Zona Franca de Manaus.