ENTREVISTA

Em entrevista especial, diretora-presidente da ADS faz balanço dos 19 anos de atividade da agência

Primeira mulher a exercer o cargo, a diretora-presidente Michelle Macedo Bessa contou ao A CRÍTICA sobre o balanço de ações que a ADS desenvolveu ao longo desses 19 anos, projetos realizados durante a pandemia, desafios e planos

Lucas Vasconcelos
online@acritica.com
26/06/2022 às 09:44.
Atualizado em 26/06/2022 às 09:44

Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas completa 19 anos de atividade neste mês de junho. Com foco no setor primário, a ADS fomenta e subsidia projetos de geração de emprego e renda (Foto: Phill Lima)

No mês de junho, a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) celebrou 19 anos de atividade. Desde 2003, o órgão vem trabalhando com foco no desenvolvimento sustentável, apoio ao fomento e comercialização da produção rural de todo o setor primário: agropecuário, pesqueiro, extrativo (madeireiro e não madeireiro) e mineral.

À frente da pasta desde março do ano passado, a diretora-presidente Michelle Macedo Bessa - primeira mulher a exercer o cargo - contou à A CRÍTICA sobre o balanço de ações que a ADS desenvolveu ao longo desses 19 anos, projetos realizados durante a pandemia, desafios enfrentados pelo órgão e novidades que a ADS pretende implementar ao longo do ano no Amazonas.

Perfil

Nome: Michelle Macedo Bessa
Idade: 39 anos
Experiência:  Ingressou na Força Aérea Brasileira (FAB), onde atuou no Hospital de Aeronáutica de Manaus. Nesse período, desenvolveu inúmeras atividades no interior do Amazonas. Já atuou como assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) e exerceu função de secretária executiva na Secretaria de Estado de Assistência Social (Seas). Desde março de 2021 atua como diretora-presidente da ADS, tornando-se a primeira mulher a exercer o cargo.

(Foto: Phill Lima)

Nesses 19 anos de existência, quais as principais conquistas da ADS? No que ela se destaca?

É uma agência nova, uma agência caçula do setor primário aqui [do Amazonas], porém de fundamental importância, principalmente por todos os programas em que desenvolve. A ADS está diretamente ligada à comercialização da produção de agricultores, pescadores e piscicultores. E por meio desses programas, foi possível garantir emprego e renda para estes produtores rurais.

Como você avalia o desempenho dos programas de regionalização da merenda escolar (Preme) e do mobiliário escolar (Promove), ambos realizados em parceria com a Secretaria de Educação do Amazonas (Seduc-AM)?

Hoje o nosso carro-chefe é o Preme. Com o apoio orçamentário da Seduc, adquirimos dos produtores, associações, cooperativas e das agroindústrias, produtos da agricultura familiar que serão destinados à merenda escolar de mais de 500 mil alunos da rede estadual. Só em 2022, mais de R$ 30 milhões estarão sendo executados por meio do Preme, levando produtos de qualidade e garantindo segurança alimentar para todos os estudantes da rede estadual. Além disso, o Promove adquire mesas, cadeiras, mesas-refeitórios, armários, de moveleiros de todo o Amazonas para suprir a necessidade da rede pública. Neste ano estão programados para ser executados aproximadamente R$ 9 milhões.

Sabemos que a pandemia de Covid-19 afetou diversos segmentos da economia do Amazonas, como a ADS agiu para apoiar o setor primário no Estado?

Fazendo um balanço de 2019 para cá, mesmo com dois anos de pandemia, os programas não pararam. E para dar reforço aos produtores, o governo do Estado, por meio da ADS, criou o Programa de Assistência Familiar [PAF], que no ano passado foi instituído por lei e passou a ser executado pela ADS. Conseguimos garantir a comida na mesa de milhares de famílias em vulnerabilidade social, tanto na capital quanto no interior"

A agência viabiliza a realização de diversas feiras na capital e em alguns municípios do Amazonas que incentivam a agricultura familiar. Há algum planejamento de expansão de projetos que atingem o setor primário?

Caminhamos sempre pensando no futuro. Nós queremos cada vez mais ampliar todos esses programas beneficiando o maior número de produtores e cooperativas. A ADS, nos últimos três anos, realizou a entrega de 48 kits feiras em vários municípios como Barreirinha, Marãa, Urucurituba, Maués, Careiro Castanho, Apuí, Humaitá, Manicoré, Uarini, Lábrea e Parintins (Vila Amazônia e sede). Temos o objetivo de colocar uma Feira ADS em todos os 61 municípios do interior do Amazonas. Em Manaus, já temos as dez feiras que acontecem de terça a domingo. Em Iradunba, por exemplo, temos três feiras: duas na comunidade e uma na sede.

Que outras ações a agência desenvolveu nos últimos anos?

Dentro do PAF, tivemos ações como o Peixe no Prato Solidário que se consolidou durante a atual gestão. No ano passado, mais de 300 toneladas foram doadas pela ADS. Já no primeiro quadrimestre deste ano, mais de 30 edições do programa já foram realizadas, ultrapassando o que foi distribuído em dois anos de pandemia. Outro ação importante são as subvenções, a forma que o governo tem de fornecer um benefício aos produtores rurais continuarem desenvolvendo suas atividades econômicas.. A exemplo do pirarucu, o produtor apresenta as notas fiscais do peixe vendido a ADS no ano seguinte, e ele vai receber R$ 1 por cada quilo comercializado.

Quais os desafios que a ADS enfrenta hoje?

O nosso principal desafio tem sido em fomentar o setor primário. Mesmo com a pandemia, o setor primário não parou. Então tivemos que criar meios para ampliar esses programas e dar oportunidade a esses trabalhadores que acordam cedo todos os dias, dar essa assistência técnica a estes produtores. Estabelecemos parcerias com a Afeam [Agência de Fomento do Estado do Amazonas] que fornece crédito rural com juros muito baixos. Todos esses meios foram feitos pensando em ajudar de alguma forma e fazer com que esses produtores continuem crescendo.

Em relação ao desenvolvimento sustentável, o que mudou de dez anos atrás para os dias atuais? Que planos a ADS pretende realizar até o fim do ano?

A gente escuta muito dos produtores e presidentes das cooperativas que o setor não vinha sendo atendido com o olhar que a ADS tem para com eles. Hoje eles são mais incentivados a estarem no campo e produzindo, claro com todas as orientações e diretrizes necessárias. Isso dá suporte para comercializarem seus produtos, gerando mais emprego, fomentando o setor e aquecendo a economia do Estado. O orçamento do setor primário em 2018, era de aproximadamente R$ 9 milhões. De 2019 para cá, esse orçamento triplicou. Avaliamos isso como algo muito positivo. Então, pretendemos continuar incentivando estes trabalhadores a produzirem mais, para trazer ainda mais resultados.

Agência leva feiras para o interior

Como forma de valorização dos pequenos produtores rurais, principalmente os oriundos da agricultura familiar e indígena, a ADS nos últimos três anos realizou a entrega de 48 kits feiras para os municípios do interior do Amazonas. Este ano, municípios como Barreirinha, Marãa, Urucurituba, Maués, Careiro Castanho, Apuí, Humaitá, Manicoré, Uarini, Lábrea e Parintins (Vila Amazônia e sede) já foram contemplados com os novos kits.

A entrega de novos kits permite aos pequenos produtores rurais dos municípios contemplados uma alternativa para a comercialização dos seus produtos direto com o consumidor. 

Prioridades no atual governo, a ADS atualizou o pagamento de todas as subvenções econômicas previstas em lei como: Juta, Malva, Borracha, Piaçava e Pirarucu, essas duas últimas inéditas até 2021. 

Este ano, a subvenção econômica do pirarucu já está sendo paga a pescadores de manejo.  O valor total de R$ 2 milhões para 20 entidades, entre as quais associações, cooperativas e federações, de 12 municípios do Amazonas. São eles: Barcelos, Beruri, Carauari, Coari, Fonte Boa, Japurá, Jutaí, Lábrea, Maraã, Tapauá e Tefé.

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