Orçamento 2023

Sou Manaus ‘turbinado’ é questionado na Câmara Municipal de Manaus

As críticas da base aliada acontecem em meio as debates sobre a eleição para o presidente da CMM. O secretário em questão chegou a ser cogitado como o candidato do prefeito ao cargo

Emerson Medina
30/11/2022 às 09:29.
Atualizado em 30/11/2022 às 10:15

Este ano, o evento atraiu milhares de pessoas (Foto: Divulgação)

Estimado em R$ 13 milhões, o orçamento do “Sou Manaus” para 2023 foi criticado por vereadores na manhã desta terça-feira (29), na Câmara Municipal de Manaus (CMM). O evento que originalmente se chamava “Passo a Paço” é realizado pela Prefeitura Municipal de Manaus.

Parlamentares criticaram o reajuste superior a 100% para o próximo exercício em relação ao aplicado na edição deste ano, que foi de R$ 6 milhões. As reclamações, feitas por integrantes da base aliada, acontecem no contexto da eleição para presidente da CMM nos próximos dois anos.

Quem levantou o tema foi o vereador Elissandro Bessa (Solidariedade), que questionou os critérios adotados pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult) para mais que dobrar o valor do evento. 

“Não somos contra o evento, mas nós achamos que não é necessário que essa área tenha esse orçamento, enquanto outras áreas deveriam ter mais prioridade”, disse Bessa. 

Ele adiantou que vai propor uma emenda para tirar R$ 2 milhões do que está  previsto para o “Sou Manaus” para a pasta do Esporte, e R$ 2 milhões para o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) construir coberturas de paradas de ônibus na cidade. 

‘Agraciando’

Segundo Bessa, o objetivo das emendas será retirar os recursos que estão, nas palavras dele, “agraciando o diretor da Manauscult, Alonso Oliveira”, até que fique no mesmo valor executado este ano: R$ 6 milhões.  

Alonso foi um dos nomes ventilados como de "confiança" do prefeito David Almeida (Avante) para assumiu o comando da CMM. O secretário é suplente de vereador e poderia assumir em uma manobra do grupo.

O vereador Wiliam Alemão (Cidadania) destacou que entende a importância de eventos como o “Passo a Paço” para atrair recursos, mas que há muitas outras coisas para serem resolvidas e citou a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semas), que disse estar sucateada. 

“Quem fiscaliza quem joga lixo nas ruas? A Semas tem 16 fiscais, sendo que efetivos são nove e em dois turnos. É inadmissível para uma cidade com as dimensões de Manaus ter poucos fiscais”, afirmou. 

Lissandro Breval (Avante) também se manifestou dizendo que não estão contra o orçamento, mas provocando o debate pela transparência e em busca de benefícios para a cidade. 

Na mesma linha, o Capitão Carpê (Republicanos) disse que a fala de Breval era “a verdadeira independência” do vereador, de ir à tribuna, cobrar e questionar. 

“Não somos contra o Passo a Paço, Queremos que os artistas sejam contratados sim, mas sobretudo os artistas locais. Precisamos ter transparência”, disse.

Ampliação

Para A CRÍTICA,  a Manauscult disse, por meio de sua assessoria, que não iria comentar o assunto. Em entrevista publicada na edição do dia 10 de setembro, ao ser questionado sobre a possibilidade do evento ter o espaço ampliado para a próxima edição, o titular do órgão, Alonso Oliveira disse que:

“Nós estamos pensando em ampliar toda a área (do evento) em função daquilo que já temos confirmado pelo prefeito David, que é o largo da Ilha de São Vicente (também no Centro), que estará sendo ampliado. Ali, certamente nós vamos ter uma capacidade para mais 10, 20 mil pessoas, e nós devemos ampliar o formato também. Para 2023, já começamos a ter algumas ideias, como forma de ampliar o espaço interno da área portuária (onde fica o Palco Tucupi), aumentando a capacidade daquela área, e também de igual modo estamos fazendo com relação ao Palco Caboquinho. Não pretendemos sair daquele local, perde muito a identidade”, afirmou ele então.

Contexto eleitoral

Atual líder da bancada do prefeito na CMM, o vereador Fransuá (PV) sinalizou que as críticas ao Orçamento Municipal acontecem no contexto da eleição para presidente da Casa. Ele falou do racha da base de vereadores que, com a proximidade das eleições, marcadas para dia 5 de dezembro, “debandaram” para se lançar como candidatos ou apoiar outros nomes.

“Nesse processo eleitoral, nós temos que refletir: que forças estão agindo aqui, que são externas ao parlamento, e o que (essas forças) vão querer dessa Casa? Por que essas forças estão agindo? É isso que precisamos refletir”, disse Fransuá durante a sessão de ontem.

O titular da Manauscult, Alonso Oliveira, foi um dos nomes cotados pelo prefeito David Almeida (Avante) para disputar a eleição de presidente da CMM. Oliveira é suplente de vereador e pessoa de confiança de Almeida. A estratégia, porém, não teria sido bem recebida pelos atuais vereadores.

Até ontem, as costuras sobre quem representará Almeida na disputa pela presidência seguiam forte nos bastidores. O prefeito ainda não se manifestou publicamente sobre a disputa, que rachou sua base após a tentativa do atual presidente, David Reis (Avante), de mudar as regras da eleição para tentar uma reeleição. Atualmente a reeleição é vetada para uma mesma legislatura/mandato.

Um dos primeiros a denunciar a manobra de David Reis, o vereador Caio André (PSC) lançou oficialmente sua candidatura no fim de semana e contabiliza mais de 20 votos. Caio é o atual terceiro vice-presidente.

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