Acusação feita pela Cigás quer impedir a finalização da compra de usinas pela Âmbar Energia
(Foto: Arquivo A CRÍTICA)
Um documento apresentado pela empresa Cigás à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pode impedir a concretização da compra das termelétricas da Eletrobras pela Âmbar Energia, braço da J&F Investimentos dos irmãos Wesley e Joesley Batista. A carta, obtida pelo jornal Folha de S. Paulo, alega que a venda das usinas só pode ser finalizada após as dívidas que a Eletrobras tem com a companhia e a Petrobras – que chegam a R$ 50 bilhões – serem solucionadas.
A distribuidora, controlada pela Termogás de Carlos Suarez, o ‘Rei do Gás’, afirma que há pelo menos cinco processos na Justiça Estadual do Amazonas e dois na Justiça do Distrito Federal com “estimativa do valor dos conflitos judicializados” em R$ 35 bilhões somente com a Cigás, havendo ainda mais R$ 15 bilhões de conflitos que não foram levados à Justiça, totalizando um passivo judicial de R$ 50 bilhões.
Para a empresa, “sem a resolução adequada, precedente ou, ao menos, concomitante, das contingências contratuais e financeiras, inviabilizada estará a conclusão e transferência dos contratos termoelétricos da Eletrobras para a Âmbar”.
Em junho, a empresa dos irmãos Batista arrematou as 13 usinas termelétricas da Eletrobras, com 12 delas estando localizadas no Amazonas, por R$ 4,7 bilhões. A transação precisa de apenas um ato administrativo da Aneel para ser devidamente concretizada.
O questionamento é parte de uma discussão entre as empresas do ramo energético, que tinham interesse em adquirir as térmicas no Amazonas, mas temiam as dívidas da Amazonas Energia que deveriam ser assumidas no conjunto. Após a compra das usinas pela Âmbar, o governo federal editou uma medida provisória criando condições para a transferência e fazendo com que essa dívida fosse diluída em encargos nas contas de luz de todo o país.
Em nota enviada à imprensa, a Âmbar Energia afirma que o questionamento levantamento pela Cigás “não altera as condições e riscos de seus negócios” e que “não cederá às seguidas pressões do empresário Carlos Suarez, que tenta criar dificuldades para obter vantagens após perder um processo competitivo privado e acirrado”.
“Esta nova tentativa de Suarez de extrair benefícios de um negócio que não lhe diz respeito deve ter o mesmo destino de seus ataques anteriores contra os interesses da Âmbar: o fracasso”, concluem.