Sincerão

Evaristo Piza faz desabafo: 'Quem me trouxe pra cá foi quem teve voz pra me tirar'

De saída do Manaus, técnico diz que torcida está mal acostumada e desabafa sobre 'trabalho interrompido' durante a Série C

Deyvid Jhonatan
online@acritica.com
09/08/2022 às 21:02.
Atualizado em 09/08/2022 às 21:02

(Foto: Arlesson Sicsú)

Sem chances de classificação ou rebaixamento no Campeonato Brasileiro - Série C, o Manaus FC treinou na tarde de terça-feira (9), no estádio da Colina, visando o confronto contra o Mirassol (SP), pela última rodada da fase de grupos.

De forma muito franca, o técnico Evaristo Piza conversou com a imprensa presente no local e falou sobre o que espera de seus comandados para esta partida.

“Falei para os atletas que estou aqui, para esse último jogo, por ter dignidade e ser a ‘vidraça’, sendo cobrado e xingado pelo que vem acontecendo. O mínimo que pedi para eles como retribuição é que eles coloquem o espírito, que corram, porque no domingo (14), eu, Igor (preparador físico), Ivan (auxiliar técnico) e o Renan Mobarack (executivo de futebol) estaremos desempregados. Eu poderia ir embora hoje, mas por respeito ao presidente Giovanni, ao clube e ao elenco que permaneceu, acho digno fazer esse último jogo”, declarou.

Em determinado momento, o técnico apresentou números imprecisos de sua campanha nas primeiras doze rodadas, afirmando ter 49,5% de aproveitamento e que hoje o G8 da Série C fecha em 48,65%. Com 4 vitórias, 5 empates 3 derrotas nas doze rodadas em questão, Piza teve 47,22% e, neste momento, o clube que fecha a zona de classificação para a próxima fase - Remo (8º) - tem 48,1%, mesma porcentagem de Aparecidense (9º) e Vitória (10º). Ao todo, considerando todos os 15 jogos, Piza teve 40% de aproveitamento, enquanto que João Brigatti, em sua curta passagem de três jogos, teve 44,4%.

“O que acarretou a falta da classificação do Manaus não pode cair na minha conta. Se eu permanecesse com esses números, estaria no G8 para esta rodada final. A gente escuta um monte de ‘papagaiada’, de que os 4 pontos que o Brigatti fez livrou o time do rebaixamento. Elogiei esses 4 pontos em uma entrevista, mas o que nos livrou da queda foram os números que a gente trouxe no início, a melhor que o clube já teve em um início de Série C, um campeonato cuja dificuldade é muito grande, com equipes que tem investimento quatro vezes maior que o nosso. A gente absorve, mas acha injusta algumas críticas, principalmente de pessoas que estão conosco no dia a dia”, disse Piza, que prosseguiu:

“Interromperam um planejamento, os jogadores sabem, a diretoria sabe. Eu dizia que a cada 12 pontos, (tínhamos que somar) 7. Estaríamos com 28 pontos, faltando três rodadas. Hoje, são dezoito rodadas e tem clubes no G8 que não conseguiram atingir essa nossa meta, e a gente ia atingir. Só que houve um erro e esse erro não é do Piza, mas de quem tirou”.

Vale ressaltar que a meta estipulada por Piza, de 7 pontos a cada quatro rodadas, foi batida apenas entre a primeira e a quarta rodada, quando o clube somou exatos 7 pontos. Entre a quinta e a nona rodada, apenas 5 pontos foram somados, mesma quantidade entre a nona e a décima segunda rodada.

Torcida mal acostumada

Em outro momento da entrevista, Piza ressaltou que o torcedor do Manaus FC precisa ter paciência com os resultados, pois a Série C é uma competição difícil. Além disso, o técnico acredita que o torcedor amazonense está ‘mal acostumado’ com os bons momentos vividos em competições nacionais, citando o Amazonas FC.

“O Manaus tem que entrar numa competição dessa com um primeiro objetivo: não cair. E a gente não pensou nisso, ‘potencializou’. A torcida ficou mal acostumada a ter sequências boas. Se o Manaus não quiser sofrer, quiser só vitórias, só mesmo no estadual, onde pode ser campeão invicto. Numa primeira fase de Série D, você vai conseguir vitórias. É um grande trabalho que o Lacerda vem fazendo no Amazonas, melhor campanha, só que às vezes o grupo proporciona isso. Talvez a torcida tenha se acostumado a isso, com as duas Série D (do Manaus) disputando o acesso. Uma perdeu nos pênaltis e a outra conseguiu”.

“Na primeira Série C, (o clube) começou com um quinto lugar com o Luizinho (Lopes), depois veio eu e lutamos pelo acesso, então ela está acostumada só com as coisas boas. E a dor da derrota? E o sofrimento? Aí ninguém presta? O verdadeiro torcedor é aquele que, na hora da dor, aparece. E o Manaus, no próximo ano, ele não vai ter uma campanha diferente dessa. Dependendo dos times que subirem da D pra C e que caírem da B pra C, o campeonato vai se tornar ainda mais competitivo. Com o Piza, sem o Piza, pra qualquer profissional que estiver aqui, vai ser difícil”, afirmou.

Influência externa

Perto do final da entrevista, Piza desabafou a respeito da influência que o CEO da Inter de Limeira, Fausto Momente, teve em sua demissão do Manaus para a chegada de João Brigatti. Fausto trabalhou como gerente de futebol do Gavião Real de julho de 2021 até o final do estadual deste ano.

“Quem me trouxe pra cá foi quem teve voz pra me tirar. Trabalhando em um outro clube, ao invés de cuidar lá, quis cuidar daqui. Isso posso falar porque tenho o áudio e eu escutei que o Fausto endossou a troca, que tinha que ‘dar um choque’ pra vinda do Brigatti. Como um executivo da Inter de Limeira, ele exerce uma opinião no Manaus. E o nosso Renan Mobarack, que tá aqui? É até um desabafo”, finalizou.

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