Turma da Mônica

A contribuição dos gibis no processo de alfabetização

Mônica completa 60 anos e fãs contam como as histórias da personagem e sua turma ajudaram na leitura e escrita

Gabrielly Gentil
online@acritica.com
28/03/2023 às 18:41.
Atualizado em 28/03/2023 às 18:41

Mauricio de Sousa com os clássicos gibis da Turma da Mônica (Foto: Reprodução/Instagram)

Em outubro do ano passado, o quadrinhista Maurício de Sousa foi homenageado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) por incentivo à leitura. O reconhecimento é fruto das histórias criadas pelo autor de quadrinhos, que há décadas fazem parte do processo de aprendizagem de várias gerações. Histórias essas, que vêm acompanhadas dos clássicos personagens que enriquecem ainda mais esse lúdico universo, como a amada personagem Mônica, que em março deste ano completa 60 anos de criação.

Em alusão aos 60 anos de Mônica e sua turma, o BEM VIVER entrevistou pessoas que aprenderam a ler e a escrever por meio dos clássicos gibis de Maurício de Sousa. Além de recreativas, essas histórias em quadrinhos também trazem uma proposta pedagógica. 

Incentivo à leitura

A assistente administrativa Isadora Castelo Branco foi uma criança muito incentivada à leitura. O incentivo veio de seus pais, por meio das clássicas revistinhas. “Meu pai começou a levar os gibis da Turma da Mônica pra mim quando eu era bem novinha. Daí ele viu que eu gostava muito e começamos a fazer coleção. Sempre que íamos a algum quiosque, saíamos de lá com várias”, recorda. 

A jovem conta que os gibis ajudaram muito em seu processo de leitura.  “Eu sempre aprendi muito mais com os processos mais ‘dinâmicos’, e os quadrinhos, por terem muitas figuras e os diálogos serem mais curtos e descomplicados, pra mim, era muito melhor pra aprender. Fora que até depois da alfabetização em si, eles me ajudaram de alguma forma. Os gibis da Turma da Mônica ajudam demais em gramática. Inclusive eu lembro que aprendi o que era metáfora e onomatopeia com eles (risos), porque o Mauricio usa muito nos quadrinhos”, ressalta. 

Os irmãos de Isadora também cresceram dentro desse universo dos quadrinhos. “Eles pegaram os gibis [da Turma da Mônica] bem mais novos que eu. Lembro que meu irmão caçula inventava as falas porque ainda não conseguia ler (risos). E isso ajuda até no processo criativo da criança. Nós passávamos muito tempo juntos lendo os gibis. Essa é uma lembrança que tenho bem clara da nossa infância”, diz Isadora.

Universo lúdico

A primeira vez que a profissional de marketing Joanne Cortêz esteve em contato com as histórias da Turma da Mônica também foi durante a infância. 

“Eu conheci os gibis através de uma moça chamada Sheila, que tinha um restaurante, e todo dia eu ia almoçar lá com os meus pais. Ela tinha uma coleção enorme com mais de mil gibis. Eu tinha acabado de ser alfabetizada, com uns quatro anos. Então ela começou a me deixar ler na hora do almoço e depois me deu alguns (gibis). Assim comecei a coleção”, relembra Joanne. 

Para ela, os gibis tiveram um papel fundamental nessa fase, e ajudaram tanto na melhora da leitura, quanto na parte lúdica. “Eles melhoraram a minha leitura, pois eram de fácil entendimento para uma criança de quatro anos. E me ajudou muito no lúdico, pois eu imaginava ser amiga da Mônica e era como um refúgio, pois não tinham crianças na minha vizinhança. Então eu passava horas lendo, imaginando como seria visitar o Parque da Mônica e até escrevi uma cartinha pra eles, que acredito que nunca chegou (risos)”, comenta. 

Esses mesmos gibis também foram porta de entrada para outras leituras. “Por ser de fácil acesso, com uma leitura mais simples, me dava gosto de ler. E com o passar do tempo fui mudando para livros maiores e sem ilustrações, mas sempre focada na imaginação. Acredito que a Turma da Mônica é muito isso na vida das crianças: mostra como podem viajar para vários lugares e conhecer vários modos de vida com os livros e gibis”, conclui Cortêz. 

Colaboração

O professor de artes da Seduc, Francisco Jaime, explica qual a contribuição das amadas revistinhas em relação ao processo de alfabetização. “As histórias em quadrinhos são considerada uma arte, né? A nona arte. E a grande contribuição que ela tem em relação ao processo de alfabetização, une duas coisas; a linguagem verbal e a não verbal. A linguagem não verbal vem através da parte visual, os desenhos, as expressões, os personagens, os quadrinhos, o cenário... Então tem todo um contexto visual que ajuda muito nessa parte em relação à alfabetização. E também na questão verbal, que seria a escrita”, esclarece Francisco.

Portanto, o arte-educador acredita que as histórias em quadrinhos também são uma excelente ferramenta para o ensino e aprendizagem dos alunos. “Auxilia muito o professor, e não somente o professor de artes, mas outros professores que também podem trabalhar por meio de tirinhas, charges, coisas que vão incrementar e enriquecer muito esse processo”, completa.

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