TERRA INDÍGENA DO MÉDIO RIO NEGRO

PC diz que balsa tinha autorização para estudar viabilidade de extração de ouro; Ipaam nega

Embarcação foi flagrada navegando em terra indígena, mas foi liberada após tripulação ser ouvida pela polícia

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26/09/2022 às 16:39.
Atualizado em 27/09/2022 às 20:44

Draga foi flagrada navegando em diversos trechos do rio Negro (Divulgação)

A Polícia Civil (PC) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) têm versões que se contradizem a respeito do flagrante de uma balsa de exploração de ouro navegando na Terra Indígena do Médio Rio Negro há 10 dias. A atividade é proibida.

Segundo relatos de indígenas, a embarcação foi abordada por uma equipe formada por agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Exército Brasileiro nas proximidades da foz do rio Cauburis.

As primeiras informações que chegaram às lideranças indígenas foram que, após a abordagem, os tripulantes foram levados para prestar esclarecimentos às polícias Civil e Federal e foram liberados, pois estariam somente de passagem pela região. Documentos teriam sido apresentados às autoridades pelo proprietário da balsa, justificando a liberação.

A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) repudiou a ação. Em nota divulgada na quarta-feira (21), a entidade ressaltou que a localização onde a draga foi encontrada é Terra Indígena e que a embarcação e nem seus tripulantes não possuíam autorização legal para estar ali, muito menos garimpar. “(…) nem mesmo a Funai pode autorizar um trabalho desta natureza por ser inconstitucional e estar violando os direitos dos povos indígenas”, frisou.

Questionada sobre o caso, a Polícia Civil confirmou que houve a abordagem no dia 18 e que os tripulantes foram levados a prestar esclarecimentos na delegacia de São Gabriel da Cachoeira. De acordo com a PC, os tripulantes apresentaram uma licença do Ipaam “para estudo de viabilidade de extração de ouro no Rio Urie”. “(…) em consulta ao órgão, foi verificada a legitimidade da licença”, afirmou a corporação em nota. “Após os devidos esclarecimentos, os tripulantes foram liberados”, completou.

O Ipaam, por sua vez, esclareceu que “não licencia em Terra Indígena (TI) e que não foi emitida qualquer autorização ou licença ambiental para a referida atividade”, contradizendo a PC.

A Polícia Federal foi procurada e na sexta-feira (23) respondeu que não tinha informações sobre o caso. A Funai também foi questionada, mas não se manifestou.

Confira as notas:

Polícia Civil

Em resposta à sua demanda, de acordo com o delegado Gláucio Oliveira, titular da Delegacia Interativa de Polícia (DIP) de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros de Manaus), no domingo (18/09), por volta das 6h, agentes do Exército Brasileiro (EB) abordaram uma draga (embarcação para desassoreamento de leitos de rios) que estava no Rio Urie, e conduziram três tripulantes à DIP, para prestarem esclarecimentos.
Ainda conforme Oliveira, os tripulantes apresentaram uma licença para estudo de viabilidade de extração de ouro no Rio Urie, expedida pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) e, em consulta ao órgão, foi verificada a legitimidade da licença. Após os devidos esclarecimentos, os tripulantes foram liberados.

Ipaam

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) esclarece que não licencia em Terra Indígena (TI) e que não foi emitida qualquer autorização ou licença ambiental para a referida atividade.

PF

Até o presente momento não chegou informação para essa assessoria de imprensa para elaboração de nota ou divulgação do assunto mencionado.

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