Estudo é resultante de uma dissertação de mestrado e aponta que o Estado está distante de alcançar as metas estabelecidas no Atlas ODS Amazonas
Pobreza cresceu principalmente em municípios com PIB elevado, como em Coari. (Divulgação)
O Estado do Amazonas acaba de ganhar uma importante ferramenta que poderá auxiliar os gestores públicos da capital bem como dos demais municípios, no processo de implementação de ações econômicas, sociais e ambientais efetivas visando o cumprimento das metas dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), os quais integram a Agenda 2030.
A pesquisa completa já está disponível no site do ODS Amazonas.
O Índice Global de ODS, estudo inédito coordenado e desenvolvido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia, da Universidade Federal do Amazonas (PPGCasa/UFAM). A pesquisa é resultante da dissertação de mestrado intitulada ‘A Localização da Agenda 2030 nos municípios do Amazonas’ e tornou-se um produto do Atlas ODS Amazonas.
“Com esse índice construído a partir da análise dos dados dos 62 municípios, conseguimos elaborar um Ranking dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para o Amazonas, o qual revela a posição em que se encontra cada município, frente as metas dos indicadores”, afirmou o pesquisador e autor da dissertação, Bruno Cordeiro Lorenzi.
Os cinco piores do Amazonas
A pesquisa de Bruno revelou que cinco municípios estão entre os piores no desempenho de ações visando o alcance das metas dos ODS. São eles: Atalaia do Norte, Barcelos, Coari, São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro.
Cidades localizadas em regiões detentoras de um vasto ecossistema de recursos naturais, no entanto, apesar de concentrarem receitas expressivas, como é o caso de Coari, cujo Produto Interno Bruto (PIB) é o segundo maior do Estado, ficando atrás somente de Manaus, a cidade apresenta resultados pífios em quase todos os indicadores sociais, econômicos e ambientais analisados.
As localidades concentram ainda três situações, as quais são recorrentes: o baixo percentual da população com acesso às instalações sanitárias e fontes de água seguras, o alto índice de violência sexual em meninas com até 15 anos e a precariedade no sistema de transparência pública e controle interno.
No cenário global dos municípios do Amazonas, os estudos revelaram outras três situações comuns, as quais interferiram negativamente no índice ODS e que merecem uma atenção especial por parte dos gestores públicos: o índice de desmatamento anual, com tendência de aumento preocupante em Lábrea, a extrema pobreza, com 33% da população vivendo em situação de extrema pobreza e o percentual da população que vive em domicílios precários, já que em 53 dos 62 municípios, mais de 90% das famílias vive em domicílios onde os serviços básicos essenciais como água tratada, esgotamento sanitário e eletricidade não são minimamente disponibilizados.
Causas
Henrique Pereira aponta três causas que influenciam diretamente no fato do Estado estar em atraso com o atingimento das metas dos ODS: a ausência de uma coordenação nacional que incentive a promoção das ações e a localização da agenda, a ausência do censo populacional de 2020 e o desconhecimento da sociedade pela agenda 2030.
“Esse trabalho era para estar sendo construído entre 2015 e 2030 e já estamos em mais de dois terços desse tempo. Manaus por exemplo, mesmo diante da estrutura pujante de uma capital, ainda está longe do que deveria ser o cenário ideal para o desenvolvimento sustentável”, afirmou Henrique.
Na esteira para buscar minimizar os impactos dessa problemática, a equipe do Atlas ODS Amazonas tem atuado nos últimos três anos para popularizar a agenda 2030, se colocando como uma ferramenta de diálogo com a sociedade. Para os próximos meses, a equipe está preparando a primeira edição do Atlas ODS Amazonas que reunirá informações detalhadas de cada município para que gestores públicos e a sociedade em geral possam conhecer o cenário de suas cidades frente ao desafio das metas dos ODS Amazonas.
“Será uma leitura dos municípios, uma ficha técnica com o desempenho dos seus indicadores. Dessa forma estaremos oferecendo para as cidades e autoridades um documento que possa servir de base para consulta e daí partirmos para as causas dessas problemáticas. Ninguém mais vai precisar começar do zero porque nós do Atlas ODS Amazonas e a pesquisa do Bruno possibilitamos condições para a construção de uma linguagem global dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável no nosso Estado”, afirmou Henrique.