ALERTA

Em dois meses, Amazonas registra aumento de 342% de casos de esporotricose humana

Segundo o informe da FVS, os casos confirmados da doença saltaram de 76 em fevereiro, para 336 casos confirmados em abril deste ano

Lucas Vasconcelos
online@acritica.com
30/04/2024 às 18:37.
Atualizado em 30/04/2024 às 18:37

Esporotricose humana é causada por fungo (Foto: Reprodução)

Os casos de esporotricose humana tem aumentado significativamente no Amazonas. De janeiro a 15 de fevereiro deste ano, foram confirmados 76 casos da doença em humanos, de acordo com informe da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-RCP). Agora, segundo novo informe publicado pelo órgão nesta terça-feira (30), no primeiro quadrimestre deste ano, o número saltou para 336 casos confirmados. Ou seja, em dois meses o Amazonas apresentou um aumento de 342% de casos de esporotricose humana.

Ainda conforme o boletim, foram notificado a 465 casos de esporotricose de janeiro a abril de 2024, sendo 336 confirmados e 83 em investigação. Ainda não há mortes relacionados à doença. O boletim epidemiológico afirma ainda os casos confirmados correspondem a pessoas que moram em Manaus (331), Presidente Figueiredo (3), Barcelos (1) e Careiro (1).

Um dos casos confirmados na capital amazonense é o do auxiliar administrativo de 49 anos, Adzaney Lima, que está há dois meses enfrentando a doença.

“É um negócio assustador. Eu me assustei com isso. Eu me contaminei por meio de um corte no meu punho. Um corte de uma telha. O corte sarou, mais aí depois começou a estourar e criar uma ferida que não curava. Fiz tratamento com antibiótico, mas não resolveu nada. Quando a ferida já estava um pouco maior, fui orientador a procurar o SUS para ver o que poderia ser essa doença. Ai não deu outra. Fui diagnosticado com essa doença”, contou paciente à reportagem de A CRÍTICA.

Adzaney ressalta ainda que foi atendido por três clínicos-gerais que não identificaram a doença e só ao ser atendido por uma dermatologista na Fundação Hospitalar de Dermatologia Tropcial e Venereologia - Alfredo da Matta (Fuham) teve o diagnóstico correto.

“Fiz uma semana de tratamento no outro medicamento, com um antibiótico passado pelo clínico-geral, mas não deu efeito. Ficou uns caroços grandes, umas ínguas que doíam bastante, uma dor muito forte que incomodava mesmo. Agora a ferida já está um pouco seca, não está mais crescendo”, contou Adzaney que já está realizando o tratamento correto após ser atendido na Fundação Alfredo da Matta - centro especializado em doenças dermatológicas.

Esporotricose animal

Gato infectado pelo fungo causador da esporotricose (Foto: Arquivo Pessoal)

Se em humanos os casos da doença tem crescido, em animais o número é ainda mais alarmante. Conforme o boletim da FVS desta terça (30), com base nos dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Manaus notificou 501 casos de esporotricose animal de janeiro a abril deste ano. Destes, 319 foram confirmados e 195 estão em tratamento.

O boletim informa ainda que foram registrados 122 eutanásias/mortes. Os animais que mais foram afetados pela doenças foram os gatos, representando 96,2% do total de casos. Seguidos de cães (3,8%). Os animais envolvidos, segundo o boletim, são em maioria machos (70,1%).

’Explosão’ de casos

Em entrevista à reportagem de A CRÍTICA, a médica veterinária Adriana Oliveira, especializada em medicina felina e diretora da Clínica Gatum - referência no tratamento da esporotricose - tem se observado um ‘surto’ da doença em Manaus, principalmente nos felinos.

“A esporotricose, também conhecida como “doença do jardineiro” e “doença da roseira”, é causada por um fungo do gênero Sporothrix, que acomete animais e seres humanos. O animal mais exposto à doença é o gato, mas os cães e outros animais também podem contrair a doença. Esse fungo pode ser encontrado no solo, palhas, espinhos vegetais, madeira, material em decomposição (pessoas que trabalham complantas e terra podem contrair do ambiente) e em feridas de animais já contaminados”, descreveu a médica veterinária.

Gatos também são vítimas

Adriana reforça que os donos dos felinos devem estar atentos a qualquer sinal da doença. Se diagnosticado precocemente, é possível tratar da forma certa, evitando complicações como amputações ou, nos piores casos, a eutanásia.

“Ao perceber qualquer lesão no gato procurar atendimento veterinário. Esporotricose tem cura. A culpa não é do gato. Ele é uma vítima desse fungo que pode estar em qualquer lugar. O gato pode contrair do ambiente ou ao ser mordido ou arranhado por outro gato que esteja doente. O ser humano pode contrair do ambiente (por exemplo ao mexer em horta, furar o dedo em um espinho). Ou ao ser arranhado ou mordido por um gato doente. O melhor é previnir. Não deixando seu animalzinho solto na rua. Nem deixar dar a famosa voltinha na rua”, orienta a especialista.
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