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Bebê Rena: a história de um homem perseguido por stalker

A repercussão da série do primor ao pedido de socorro. Produção estreou em abril e está entre uma das mais assistidas

Gabrielly Gentil
bemviver@acritica.com
04/05/2024 às 13:20.
Atualizado em 04/05/2024 às 13:20

A série é protagonizada por Richard Gadd e Jessica Gunning (Foto: Divulgação)

O crime de perseguição, também conhecido como ‘stalking’, previsto no art. 147-A do CP, ocorre quando alguém passa a perseguir repetidamente outra pessoa, com comportamentos obsessivos e invasivos que causam medo, ansiedade e desconforto à vítima.

E assim como mostra a série “Bebê Rena”, o mais novo fenômeno da Netflix, isso pode ocorrer tanto pessoalmente quanto no meio virtual.

Baseada em fatos da vida do próprio protagonista, a minissérie foi lançada no início de abril, e o sucesso é tamanho. A produção está entre as mais vistas da plataforma e vem sendo discutida por espectadores, críticos, psicólogos, servindo como ponto de partida para vários debates, inclusive acerca do ‘stalking’.

Sinopse

Em “Bebê Rena”, o comediante e barman Donny Dunn (Richar Gadd) conhece Martha (Jessica Gunning), que se apresenta como uma suposta advogada. Ele é gentil ao oferecer uma xícara de café para a mulher vulnerável, e a partir deste momento se inicia uma grande obsessão e perseguição por parte dela.

Ivanildo Pereira é jornalista e critico de cinema (Foto: Arquivo Pessoal)

O jornalista e crítico de cinema, Ivanildo Pereira, acredita que o roteiro da série é muito bom na forma como explora os personagens. “Quando pensamos que, no geral, aquilo praticamente aconteceu mesmo com o protagonista, fica ainda mais impressionante a forma como ele expõe um conflito muito forte dele, e até um lado sombrio da sua vida”, destaca.

Outro ponto que chama atenção do crítico é a mudança entre humor e tensão dentro da minissérie, além das atuações dos atores. “Gadd e a Jéssica Gunning, que faz a Martha, têm desempenhos sensacionais”, elogia ele, que na sequência lista os pontos baixos da produção.

“Para mim são poucos. Acho que há um pouco de didatismo naquela narração em off com os pensamentos do protagonista, explicando em excesso as coisas. Mas isso só me incomoda mesmo nos primeiros episódios, depois melhora”, pontua Pereira.

Digna de prêmios

Para o estudante de direito Gabriel Rengifo, de 36 anos, os personagens são muito densos e complexos para amar ou odiar, e isso faz a série tão boa, na opinião dele. “Existe um porquê de todo comportamento, ainda que não aceitável socialmente. E no fim Martha é só mais uma vítima, ainda que com seus próprios distúrbios de personalidade”, opina.

Gabriel Rengifo acredita que a série é digna de prêmios (Foto: Arquivo Pessoal)

Em contrapartida, ele acredita que o ponto negativo da série seria na verdade o que torna ela um fenômeno.

“Você se sente incomodado, angustiado e enojado, mas de certa forma se reconhece em situações, frustrações e incertezas de Donny. Quem não queria alcançar o sucesso naquilo que sonha em fazer? Por isso a série te prende do começo ao fim! E no final te dá um belo soco de realidade ao nos mostrar que a vida é apavorante. Ficaria surpreso se não varrer o Emmy e levar todos os prêmios que estiver na disputa”, declara.

Crime de stalking

Um dos temas mais pertinentes abordados na série é o ‘stalking’. O titular da Delegacia Especializada em Repressão aos Crimes Cibernéticos (DERCC), delegado Paulo Benelli, orienta sobre como identificar e denunciar esse tipo de crime.

“Essa prática pode envolver uma série de comportamentos, tais como: envio constante de mensagens, e-mails, ou comentários em redes sociais, mesmo após a vítima pedir para parar. Criação de perfis falsos ou contas anônimas para enviar mensagens ameaçadoras ou difamatórias. Compartilhamento de informações pessoais da vítima sem seu consentimento, como endereço, telefone ou fotos”, alerta a autoridade.

Paulo Benelli, é delegado titular da DERCC (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com ele, esses comportamentos podem ter um impacto significativo na vida da vítima, causando medo, ansiedade, estresse e pode até mesmo prejudicar sua reputação pessoal e profissional.

Como denunciar?

Para denunciar o crime de ‘stalking’, a vítima pode procurar ajuda junto as delegacias de polícia levando as capturas de tela de mensagens ameaçadoras, registros de ligações telefônicas, e-mails ou qualquer outra forma de comunicação que evidencie o assédio ou perseguição.

“Dentro do rol de atribuições da Polícia Civil do Estado do Amazonas, caso o autor seja desconhecido, a vítima deverá procurar a Delegacia Especializada em Repressão a Crimes Cibernéticos. Em caso de autoria conhecida e envolver violência doméstica contra a mulher, a vítima deverá procurar uma das Delegacias Especializadas em Crimes Contra a Mulher, e em caso de autoria conhecida, sem violência doméstica, procurar a Delegacia Civil mais próxima a sua casa”, recomenda o delegado.


 

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