Marcelo Ramos pede paz interna no PT e mira pré-campanha de outros candidatos

Marcelo Ramos foi confirmado como pré-candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) à Prefeitura de Manaus neste sábado (27). O anúncio estava previsto desde a retirada da pré-candidatura da secretária nacional de Mulheres, Anne Moura, que irá concorrer ao cargo de vereadora. Durante seu discurso na sede do PT em Manaus, o ex-deputado pediu paz entre as diferentes tendências em nome de um projeto progressista para a capital.

“Nenhum dos pré-candidatos retirou a candidatura porque foi imposto. Todos retiraram pelo processo de convencimento do quanto era importante a construção da unidade partidária nesse momento em que nós precisamos retomar o projeto do campo progressista democrático na nossa cidade, em que nós precisamos resgatar o legado do presidente Lula, que foi o presidente que só fez o bem para a cidade de Manaus, e precisamos denunciar a farsa que é o bolsonarismo para a cidade de Manaus”, declarou.

Marcelo Ramos aproveitou o espaço para discursar contra a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), relembrando a crise do oxigênio e “os ataques à Zona Franca de Manaus”. Definida a candidatura petista, a legenda deverá dialogar com o Partido Comunista do Brasil (PCdoB), que tem como pré-candidato o ex-deputado Eron Bezerra. Segundo Marcelo e o presidente municipal do PT, Valdemir Santana, a situação será levada à presidente estadual da Federação Brasil da Esperança, Lúcia Antony, ainda hoje.

‘Brincadeira de menino’

Marcelo Ramos, sem citar nomes, criticou a pré-campanha de outros postulantes ao cargo de prefeito como Amom Mandel (Cidadania) e Roberto Cidade (União). O ex-deputado afirmou que era “absolutamente angustiante” ver que os candidatos falam sobre os mais variados assuntos, exceto a própria cidade. Segundo ele, esse foi um dos motivos pelo qual resolveu ser pré-candidato à prefeitura.

“Tem um que faz meme o dia inteiro, tem outro que pega o celular e diz que o prefeito perdeu a eleição para o governador, o que isso muda na vida do cara que está esperando o ônibus lotado? Pra mãe que acorda e não sabe se trabalha ou se cuida do filho porque não tem creche para deixar o filho? O que isso significa pro morador do Armando Mendes que não pode frequentar a praça porque a praça está caindo aos pedaços e as famílias não podem frequentar porque virou lugar da marginalidade”, disse.

Marcelo Ramos disse que a pré-campanha à Prefeitura de Manaus virou “briguinha de menino” e que irá pautar a eleição pelos problemas que a capital amazonense enfrenta. O ex-deputado também criticou as atitudes de Capitão Alberto Neto (PL) e Coronel Menezes (PP) após as trocas de farpas entre os ex-aliados nas redes sociais.

“Eu não acho que dá para levar a sério uma candidatura onde um chama o outro de ‘baba-ovo’ e outro chama um de ‘careca’. Esses caras estão fazendo um desserviço para a cidade de Manaus. Eleição é momento de debate maduro, de diagnósticos e soluções. Eles não vão conseguir levar a eleição inteira nesse ‘mimimi’ não. Eles são uma vergonha”, disse.

Próximos passos

Marcelo Ramos informou que deverá se encontrar ainda neste sábado com Eron Bezerra para definir a candidatura da FE Brasil. O Partido Verde, terceiro integrante da federação, abriu mão de ter pré-candidato à prefeito e focará somente na Câmara Municipal de Manaus.

“Eu mandei uma mensagem ontem para o ex-deputado Eron Bezerra, ele me respondeu que hoje tinha reunião da comissão política do PCdoB, eu disse que tinha nossa reunião aqui, ficamos de falar tão logo acabasse. Eu vou repetir o que eu disse em relação ao PT: quem duvidou que o PT estaria unido se deu mal e quem duvidar que a federação estará unida também vai se dar mal”, afirmou.

Diálogo

Presente no evento, o pré-candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Thomaz Barbosa, defendeu que haja diálogo entre as siglas de esquerda na cidade de Manaus e afirmou que o nome de Marcelo Ramos “agrega bem” dentro do PT.

“Em relação ao PSOL, nós temos três pré-candidaturas no PSOL. E entre os três pré-candidatos, eu sou o único que defende o diálogo com as esquerdas. Eu acho que política se faz com diálogo, com discussão, com entendimento”, disse.

Pertencente à corrente Revolução Solidária, da qual também faz parte o deputado federal e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL), Thomaz considera natural a aproximação com o PT. Na capital paulista, Boulos terá como vice a ex-prefeita Marta Suplicy (PT).

Barbosa ressaltou que não está defendendo uma aliança imediata com Marcelo Ramos e o PT, mas um “diálogo político e democrático para que haja um entendimento, assim como houve em São Paulo”.

“Havendo esse entendimento, eu sou completamente favorável que as esquerdas saiam juntas. O que está em jogo é o futuro do governo Lula e não há nenhum projeto igual ou mais importante do que o projeto do presidente Lula”, destacou.

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